sábado, 8 de outubro de 2011

Entenda a greve dos Correios

João Carlos Mazella / Fotoarena

Os funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) de todo o Brasil deram início a uma greve, no último dia 13 de setembro. A categoria reivindica reajuste de 7,16% sobre salários e benefícios, aumento linear de R$200, reajuste no vale-refeição, contratação de 21 mil trabalhadores em todo país e pagamento de perdas salariais, dentre outras propostas.

A paralisação dos trabalhadores do serviço postal do país já dura 25 dias e, segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), foi aderida por todos os estados brasileiros. 34 dos 35 sindicatos que compõem a entidade apóiam a paralisação, ficando de fora apenas o de Uberaba, em Minas Gerais.

Passados 23 dias do início do movimento, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) concedeu uma liminar que determinou que a categoria mantivesse pelo menos 40% dos funcionários no trabalho em cada uma das unidades onde operam os Correios, para atendimento dos serviços inadiáveis da comunidade. Se a decisão não fosse cumprida, a instituição estaria sujeita a pagar uma multa diária de R$ 50 mil.

Segundo a ECT, ao longo das negociações, 14 sindicatos envolvidos no protesto chegaram a um acordo e se dispuseram a voltar às atividades normais. O Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos de Pernambuco (Sintect-PE), entretanto, foi um dos 20 que se posicionaram contra a concordata que aconteceu na última quinta-feira (6) entre a Fentect e a direção da estatal, na audiência de conciliação do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A proposta previa aumento real de R$ 80 a partir de outubro e aumento linear de salários e benefícios de 6,87%.  

Em audiência pública, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou que não houve contestações significativas entre as propostas dos grevistas e do TST e que a paralisação virou “uma greve para resolver os dias de greve”. “Não queremos massacrar os caras, queremos parcelar, tornar o problema menor”, contou.

Uma audiência de conciliação que acontece na próxima segunda-feira (8) deve julgar a discordância entre as entidades e auxiliar no processo de resolução do impasse. “Se alguma proposta estiver dentro dos nossos objetivos com o protesto, vamos conversar e se aprovada, retornaremos logo ao nosso trabalho”, explicou o secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos de Pernambuco (Sintect-PE), Halisson Tenório.

Os Correios estimam que 23% dos 107 mil funcionários estejam em greve atualmente. Já o sindicato fala em cerca de 70%.

Ouça a entrevista com o trabalhador dos Correios, o carteiro José Carlos:




Flash Javali de Óculos - José Carlos, trabalhador dos correios by Nathália Dielú

Confira uma das primeiras manifestações dos trabalhadores dos Correios:

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

E como ficam os consumidores?

Já com mais de três semanas de duração, a greve dos funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) se tornou um problema para alguns cidadãos. É que os atrasos nas correspondências têm sido frequentes - o balanço da paralisação indica que 147 milhões de cartas foram entregues com demora. Um prejuízo diário contabilizado pela própria ECT em R$ 20 milhões.
Quem também não passou por essa história sem arranhões foram os consumidores. Nem todos, mas a maioria das pessoas que esperavam ou tinha que enviar cartas, contas ou até mesmo correspondências de maior urgência, tiveram que recorrer a alternativas.
Sentindo-se prejudicada, a dona de casa e aposentada Elizabeth Torres, não recebeu as contas de telefone e do convênio de saúde. Precisou correr atrás para pagá-las em dia e pedir ajuda a familiares. “As de telefone celular precisei pedir a minha neta para ir na internet para tirar o boleto, para poder pagar. A conta do meu convênio tive que sair de casa para ver como poderia pagar e me mandaram ir para a internet também. Tudo isso complicou demais a vida da gente”.  A aposentada não escondeu a insatisfação com o transtorno e fez ainda um apelo aos envolvidos diretamente com a greve. “Eu acho que deveria ter mais senso e resolver isso com mais simpatia, não prejudicar tanto o povo.”
Elizabeth demorou um pouco para saber que precisava procurar as empresas em casos como este, mas desde o início da greve, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) orienta para o contato imediato com a agência credora e a solicitação da emissão da segunda via do boleto por meio de fax, e-mail, ou pelo site. A prorrogação do vencimento também é uma das opções para evitar a cobrança de juros e multas. Apesar de o episódio dar indícios de que pode chegar ao fim, é sempre bom garantir a quitação das dívidas.
O cineasta Rodrigo Homem ainda não se sente tão prejudicado pela greve. Ele conseguiu pagar as contas do mês de setembro, mas já prevê o que pode acontecer nos próximos dias, caso um acordo não seja estabelecido entre os funcionários e a ECT. “Estou precisando dentro de alguns poucos dias enviar uma correspondência que é muito importante, e a gente vai ter que recorrer aos serviços das companhias privadas”.
Sobre as contas do próximo mês Rodrigo não espera boas notícias. “As que estão começando a vencer nesses primeiros dez dias de outubro, essas, eu acho que vai complicar sim, se não me mandarem o código de barras através de outros recursos eu não vou ter como pagar”, lamenta.
Talvez o cineasta não precise se preocupar. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) entrou na jogada e vem tentando um acordo entre as partes. Na última quinta-feira foi determinado que 40 % dos funcionários de cada uma das unidades dos Correios precisam estar em atividade para os serviços mais urgentes. Esse já é um passo para a melhora dos serviços.
Para Cleonice Coutinho, empregada doméstica, a normalização dos serviços dos Correios não mudará sua vida. Ela foi uma das sortudas que passaram ilesas pela movimentação. “Todas as minhas correspondências chegaram, não precisei usar a internet, paguei minhas contas normalmente e não atrasei nada”.

Caso você não seja tão sortudo como Cleonice, além de seguir as orientações já citadas acima é bom ficar ligado nas orientações do coordenador do Procon-PE, José Rangel. Ele lembra as dificuldades que podem ser encontradas pelo caminho e enfatiza o direito do consumidor. “Nem todos têm acesso a internet. Têm pessoas que ainda moram longe dos escritórios dos fornecedores. Se essas empresas insistirem em cobrar juros, o consumidor deve procurar a Justiça ou o próprio Procon e fazer sua queixa”. 

Confira no áudio o que fazer antes de procurar o PROCON

Veja o vídeo com as entrevistas
:


Saiba como não se prejudicar com o envio das correspondências:

Loc Hayla - Os consumidores by Nathália Dielú