Já com mais de três semanas de duração, a greve dos funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) se tornou um problema para alguns cidadãos. É que os atrasos nas correspondências têm sido frequentes - o balanço da paralisação indica que 147 milhões de cartas foram entregues com demora. Um prejuízo diário contabilizado pela própria ECT em R$ 20 milhões.
Quem também não passou por essa história sem arranhões foram os consumidores. Nem todos, mas a maioria das pessoas que esperavam ou tinha que enviar cartas, contas ou até mesmo correspondências de maior urgência, tiveram que recorrer a alternativas.
Sentindo-se prejudicada, a dona de casa e aposentada Elizabeth Torres, não recebeu as contas de telefone e do convênio de saúde. Precisou correr atrás para pagá-las em dia e pedir ajuda a familiares. “As de telefone celular precisei pedir a minha neta para ir na internet para tirar o boleto, para poder pagar. A conta do meu convênio tive que sair de casa para ver como poderia pagar e me mandaram ir para a internet também. Tudo isso complicou demais a vida da gente”. A aposentada não escondeu a insatisfação com o transtorno e fez ainda um apelo aos envolvidos diretamente com a greve. “Eu acho que deveria ter mais senso e resolver isso com mais simpatia, não prejudicar tanto o povo.”
Elizabeth demorou um pouco para saber que precisava procurar as empresas em casos como este, mas desde o início da greve, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) orienta para o contato imediato com a agência credora e a solicitação da emissão da segunda via do boleto por meio de fax, e-mail, ou pelo site. A prorrogação do vencimento também é uma das opções para evitar a cobrança de juros e multas. Apesar de o episódio dar indícios de que pode chegar ao fim, é sempre bom garantir a quitação das dívidas.
O cineasta Rodrigo Homem ainda não se sente tão prejudicado pela greve. Ele conseguiu pagar as contas do mês de setembro, mas já prevê o que pode acontecer nos próximos dias, caso um acordo não seja estabelecido entre os funcionários e a ECT. “Estou precisando dentro de alguns poucos dias enviar uma correspondência que é muito importante, e a gente vai ter que recorrer aos serviços das companhias privadas”.
Sobre as contas do próximo mês Rodrigo não espera boas notícias. “As que estão começando a vencer nesses primeiros dez dias de outubro, essas, eu acho que vai complicar sim, se não me mandarem o código de barras através de outros recursos eu não vou ter como pagar”, lamenta.
Talvez o cineasta não precise se preocupar. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) entrou na jogada e vem tentando um acordo entre as partes. Na última quinta-feira foi determinado que 40 % dos funcionários de cada uma das unidades dos Correios precisam estar em atividade para os serviços mais urgentes. Esse já é um passo para a melhora dos serviços.
Para Cleonice Coutinho, empregada doméstica, a normalização dos serviços dos Correios não mudará sua vida. Ela foi uma das sortudas que passaram ilesas pela movimentação. “Todas as minhas correspondências chegaram, não precisei usar a internet, paguei minhas contas normalmente e não atrasei nada”.
Caso você não seja tão sortudo como Cleonice, além de seguir as orientações já citadas acima é bom ficar ligado nas orientações do coordenador do Procon-PE, José Rangel. Ele lembra as dificuldades que podem ser encontradas pelo caminho e enfatiza o direito do consumidor. “Nem todos têm acesso a internet. Têm pessoas que ainda moram longe dos escritórios dos fornecedores. Se essas empresas insistirem em cobrar juros, o consumidor deve procurar a Justiça ou o próprio Procon e fazer sua queixa”.
Confira no áudio o que fazer antes de procurar o PROCON
Confira no áudio o que fazer antes de procurar o PROCON
Veja o vídeo com as entrevistas:
Saiba como não se prejudicar com o envio das correspondências:
Loc Hayla - Os consumidores by Nathália Dielú
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