O blog Javali de Óculos resgata hoje um memorável caso de falta de ética e compromisso jornalístico na exposição da verdade, dos fatos. Uma polêmica transformada em espetáculo pelos veículos de comunicação em 1994, que acabou por condenar injustamente inocentes. Os acusado? Os donos da Escola Base, Icushiro Shimada e sua esposa Aparecida Shimada e o casal de sócios Paula e Maurício Alvarenga, que foram, antes mesmo de serem julgados, bombardeados pela grande mídia como exploradores sexuais de crianças. Mas a verdade, porém, não era bem essa. Acompanhem agora, no texto do site Curiofísica, uma explanação geral sobre a história.
"Março de 1994. A Escola de Educação Infantil Base, em São Paulo, sofre uma denúncia de abuso sexual contra menores. Mães desesperadas de alunos contatam a Rede Globo. Dá-se início ao escândalo que mais marcou a imprensa brasileira nos últimos 15 anos. Durante dois meses, jornais, revistas, emissoras de rádio e tevê publicaram rotineiramente notícias sobre o Caso Escola Base apontando seis pessoas (dentre elas, pais de alunos e os donos da escola) como, indubitavelmente, culpadas.
Sem nenhuma investigação ou prova concreta os envolvidos no caso foram estampados como monstros. A história toda foi noticiada de forma bastante parcial e distorcida, mas muito enfaticamente. O resultado? Linchamento social dos acusados, depredação de suas moradias e da escolinha além de muito falatório. Transcorridos os dois meses o inquérito foi arquivado com a conclusão de que os acusados eram todos inocentes. Friso: todos inocentes. Ficou nas mãos da mídia, a contadora da história, limpar o entulho esparramado pelos corredores da escolinha. Nunca a imprensa brasileira foi tão criticada (incluo aqui auto-criticada) como no Caso Escola Base.
Sem nenhuma investigação ou prova concreta os envolvidos no caso foram estampados como monstros. A história toda foi noticiada de forma bastante parcial e distorcida, mas muito enfaticamente. O resultado? Linchamento social dos acusados, depredação de suas moradias e da escolinha além de muito falatório. Transcorridos os dois meses o inquérito foi arquivado com a conclusão de que os acusados eram todos inocentes. Friso: todos inocentes. Ficou nas mãos da mídia, a contadora da história, limpar o entulho esparramado pelos corredores da escolinha. Nunca a imprensa brasileira foi tão criticada (incluo aqui auto-criticada) como no Caso Escola Base.
Nesse contexto, fica evidente que presenciamos a era do entretenimento na qual a transgressão é prato cheio de qualquer meio de comunicação que mede sua aceitação através de vendas, ibope, enfim, através do alcance de seu produto. A informação, na pós-modernidade, se confunde com o espetáculo. A credibilidade da informação pode até ser violada, mas a notícia não deixa de ser transformada em um grande show que envolve acusados, inocentes, repórteres, delegados, promotores…É através da imprensa que a população, na maioria das vezes, molda a sua percepção do real. É praticamente impossível se isentar dessa responsabilidade. Não identificar contradições na investigação policial, nos laudos do IML ou nos depoimentos de crianças de quatro anos e suas mães, é, no mínimo, questionável.
No Caso Escola Base as mea culpas da imprensa não foram suficientes para reestruturar a vida dos acusados já prejudicados financeira e psicologicamente. Há um enorme abismo entre as desculpas e o impacto das notícias. Durante todo o caso foi possível teorizar um anti-jornalismo debruçado em fontes contraditórias e nada profissionais, matérias sem crédito, acusações sem embasamento.Em 2005, onze anos após o ocorrido, a Rede Globo foi condenada a pagar cerca de 450 mil reais para cada acusado no Caso Escola Base. Isso, sem dúvidas, mostra que o país protege o cidadão dos abusos da imprensa. Mas será isso suficiente? Os danos que ficam e a credibilidade que esvai são marcas muito mais profundas no caráter da imprensa nacional."
O mínimo que se espera de um jornalismo relevante e confiável é a apuração dos dados. Em um trabalho investigativo, ou tratando assuntos delicados, é mais que necessária a apuração precisa das informações. Escutar os dois lados do fato, por exemplo, é imprescindível. No entanto, a ânsia pelo furo jornalístico, pela notícia de capa – pelo escândalo – acaba falando mais alto que a ética.
O exercício do jornalismo deve, cotidiamente, pôr em prática algo essencial: boom-sendo. A briga pela audiência e pela notícia em primeira mão, o tal furo e a investigação fazem parte naturalmente desse processo, mas jamais devem acontecer de costas para a ética, de costar para o compromisso com a verdade que cada jornalista tem ao reportar a realidade. O Caso Escola Base deve, neste sentido, jamais ser esquecido, uma vez que a incoerente postura da grande mídia acabou por solapar a vida desses acusado até hoje. Não só por isso, como também para inspirar coerentemente os jornalistas de hoje, quando se depararem com situações, com histórias como essa, que precisam, sobretudo, de tranquilidade para serem consudzidas com verdade.
O mínimo que se espera de um jornalismo relevante e confiável é a apuração dos dados. Em um trabalho investigativo, ou tratando assuntos delicados, é mais que necessária a apuração precisa das informações. Escutar os dois lados do fato, por exemplo, é imprescindível. No entanto, a ânsia pelo furo jornalístico, pela notícia de capa – pelo escândalo – acaba falando mais alto que a ética.
O exercício do jornalismo deve, cotidiamente, pôr em prática algo essencial: boom-sendo. A briga pela audiência e pela notícia em primeira mão, o tal furo e a investigação fazem parte naturalmente desse processo, mas jamais devem acontecer de costas para a ética, de costar para o compromisso com a verdade que cada jornalista tem ao reportar a realidade. O Caso Escola Base deve, neste sentido, jamais ser esquecido, uma vez que a incoerente postura da grande mídia acabou por solapar a vida desses acusado até hoje. Não só por isso, como também para inspirar coerentemente os jornalistas de hoje, quando se depararem com situações, com histórias como essa, que precisam, sobretudo, de tranquilidade para serem consudzidas com verdade.
Para entender melhor os detalhes do Caso Escola Base, clique aqui.
Assista a um documentário sobre o caso
Por Nathália Dielú
Exercício referente ao seminário sobre Ética no Jornalismo
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